sexta-feira, 2 de julho de 2010

Um sonho quase real


"Meu anjo" eu a ouvi dizer. Eram as duas palavras mágicas. Quando eu as ouvia por aquela voz tão maravilhosa, me enchia de prazer e emoção. A história por traz desse carinhoso apelido era o que me fazia seguir em frente sempre. Era a história de um amor.
Agora, mais do que nunca, eu ouvia essas palavras quase que com uma devoção. Mas olhando aqueles olhos castanhos, senti medo. Procurando o conhecido sorriso naquele rosto, encontrei uma certa irritação. Era como se eu escutasse um trovão anunciando a tempestade. Porém, era uma tempestade diferente. Vi que haveriam estragos... talvez irreparáveis.
"Traição" foi o que eu ouvi. Uma rápida discussão, e meu mundo caiu. Eu havia cometido o pior dos pecados, tinha traído a confiança de quem eu mais amava. Balbuciando uma explicação sem sentindo e sem fundamento, recebi com força um tapa em meu rosto. Não foi a dor do tapa que me doeu. Mas nunca, nunca, o meu anjo havia me dado uma bofetada. Vi no meio daquela raiva, duas lágrimas brotarem naquele rosto. Vi, a terrível visão que pessoa alguma devia ver. O ser mais bonito, mais amável, chorando. Vi, um rosto tão lindo, marcado pelas lágrimas, causadas pela paixão a um homem de sentimentos frios.
"Porque?" ela perguntou. Pensei antes de responder. Não havia motivo. Eu não tinha necessidade. Eu era satisfeito com ela. Eu a amava realmente. Mas eu era um canalha. Era esse o motivo, eu era um canalha, mulherengo: um cafageste adúltero. Sem saber o que dizer, pedi perdão. Ela repetiu a pergunta, enquanto em seu rosto eu via a tristeza se misturar ao ódio. Ódio, algo que achei que nunca causaria alguém. Sem saber o que dizer respondi: "eu não sei". "Também não sei porque amo alguém como você ou porque ainda estou tentando te entender". Eu merecia. Era uma facada verdadeira que eu tomava em meu âmago.
Me vi cair, vi tudo que eu queria indo embora. O anjo do amor, que gentilmente me acolhera, agora era o anjo da justiça que me julgava verdadeiramente e sem piedade...
De repente acordei. Não havia traição, não havia anjo. Só havia eu e o medo de perder alguém tão especial que pudesse aparecer em minha vida. Não, não, depois de tudo eu não seria mais capaz de trair quem eu mais queria.

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